Cidade Palmas-TO
Data 04/07/2011
Arquiteta e Urbanista
· QUEM É ? MAURÍCIO AZEREDO
Sinônimo de excelência no cenário de design de mobiliário brasileiro. Arquiteto, em 1985 ele trocou uma bem sucedida carreira acadêmica na Faculdade de Arquitetura da Universidade de Brasília (UnB) pela atuação exclusiva como designer de móveis em Pirenópolis, no interior de Goiás. Desde então, tornou-se um recordista em prêmios concedidos pelo Museu da Casa Brasileira, que promove o concurso de design de mobiliário com maior credibilidade no País, e recebeu em 1992 o Selo de Excelência da II Bienal Brasileira de Design, quando a mesa Babanlá foi considerada o melhor projeto de móvel do biênio 90-92.
Azeredo produz sob encomenda séries limitadas e assinadas de móveis que primam pela qualidade do desenho e da elaboração. As peças não usam pregos ou parafusos, apenas encaixes feitos numa precisão absoluta, num sistema que lhe rendeu uma patente de invenção. Em pleno apogeu e maturidade, seu trabalho se caracteriza pelo desejo de incorporar ao móvel, um objeto predominantemente funcional, uma dimensão plástica, artística, emocional que havia desaparecido com a dominância dos conceitos do racionalismo internacional. Contrário à globalização pasteurizada da cultura, sua criação vai fundo na nossa identidade cultural, buscando nas nossas origens a sua forma de expressão. Assim, por exemplo, recupera e faz uma releitura contemporânea do banco, mobiliário presente na nossa história desde as ocas indígenas.
por Adélia Borges· IDEOLOGIA
Designer estimula uso sustentável dos recursos florestais
Na oficina de Maurício Azeredo, arquiteto e designer conhecido mundialmente, somente madeiras certificadas são utilizadas na produção dos móveis
Enquanto os principais jornais do País noticiam mega-apreensões e esquemas ilegais de desmatamento e comercialização de madeira, alguns profissionais dão exemplo de respeito ao meio ambiente. É o caso do arquiteto e designer carioca Maurício Azeredo, que atua há 20 anos em Pirenópolis, no interior de Goiás. O artista é um dos que estabelece um novo padrão de uso sustentável dos recursos florestais. Ele é um dos sócios-fundadores do grupo Compradores de Produtos Florestais Certificados, que reúne empresas comprometidas em dar preferência ao consumo de produtos provenientes de florestas certificada, desde o fim dos anos 90.
Maurício também faz parte da Organização Não-Governamental (ONG) Amigos da Terra, que atua na promoção do uso sustentável dos produtos florestais, na prevenção do fogo, no atendimento a comunidades isoladas e na formulação e acompanhamento de políticas públicas. A intenção, segundo o designer, é que a curto, médio ou longo prazos, seja utilizada maior parte de espécies nativas com o Forest Stewardship Council (FSC), um selo internacional que define e publica princípios e critérios universais, bem como padrões nacionais ou regionais conforme o tipo de floresta, que abrangem os aspectos econômicos, sociais e ambientais.
Por Adrianne Vitoreli
· TRABALHOS:
Assimetria e processo construtivo simplificado em novas coleções
As novas peças e séries de móveis de Maurício Azeredo revelam sensível mudança de rumo na linguagem do designer , que foi uma das atrações do Ano do Brasil na França (série de eventos sobre cultura brasileira realizados em 2005, naquele país europeu). Embora o manejo da madeira e a preocupação com a sustentabilidade de espécies nativas - sobretudo as amazônicas - continuem como eixos conceituais de atuação, o que se nota na produção atual de Azeredo é o predomínio de peças com estética menos robusta.
Alguns dos elementos dessa nova fase na produção de Maurício Azeredo são as composições assimétricas , a explicitação dos componentes estruturais e a crescente simplificação do processo construtivo, visando inclusive a diminuição dos custos de fabricação. “A intenção é evidenciar plasticamente o uso sustentável da madeira, uma opção viável em quaisquer escala e unidade de produção”, explica o designer.
A série Do Avesso , por exemplo, resulta da completa fragmentação dos componentes construtivos. No total, 11 réguas planas e uma levemente curva conformam a cadeira de encosto baixo, que é conceitualmente a mais representativa da coleção. Em trios, essas peças constituem o assento, o encosto, os pés e a estrutura horizontal, o que garante extrema liberdade de escolha e combinação das espécies naturais. Uma das versões mistura , por exemplo, cumaru, muirapiranga e pau-ouro, madeiras de cores contrastantes.
A Velho Goiás é outra série de móveis concebida recentemente por Azeredo. Inspirada na mobília colonial goiana, ela destaca a simplicidade de detalhes por meio da escassez de elementos decorativos e do uso exclusivo de encaixes entre peças maciças. O banco da coleção tem assento côncavo, a exemplo do Ressaquinha, que venceu o Prêmio Design Museu da Casa Brasileira em 1998 (leia PROJETO DESIGN 230, abril de 1999), mas dele difere em dois aspectos principais: o tipo de junção entre assento e pés e a menor alternância entre as faixas longitudinais de madeira. Na Velho Goiás, somente as extremidades do assento e o centro dos pés têm listras de cor e textura destoantes , o que ocorre pelo contraste entre a muirapiranga e o intenso amarelo da faixa de pau-ouro. Além disso, assento e pés são visualmente independentes, já que a estruturação transversal da peça é feita por barra circular de muirapiranga.
O designer também atua recentemente na concepção de mobiliário institucional e corporativo , como o banco criado para a igreja São Lourenço dos Índios, em Niterói, RJ, e as mesas e balcão de atendimento desenhados para um escritório de propriedade intelectual, em São Paulo.
Texto resumido a partir de reportagem
de Evelise Grunow
Publicada originalmente em PROJETO DESIGN
Edição 315 Mario de 2006
- ALGUMAS PEÇAS DO ARTISTA
N tem as dimensões das obras dele?
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